The Legend of Zelda mudou repetidas vezes a industria dos games. E seu último jogo, Breath of the Wild, poderá fazer isso novamente.
Originalmente escrito em: 6 Março, 2017
Uma das maiores franquias do mundo dos games teve um novo lançamento.
The Legend of Zelda: Breath of the Wild finalmente foi lançado na sexta-feira dia 3 de março de 2017, para Wii U e Nintendo Switch (o novo console da Companhia).
Esta são boas notícias. Afinal, Vídeo game é hoje uma industria de $100 bilhões de dólares por ano, tendo crescido massivamente nos últimos anos com a ascensão de uma cultura de jogos como World of Warcraft e Call of Duty. Mas é difícil imaginar a existência da industria de jogos - como ela é hoje - sem a franquia Zelda, que literalmente revolucionou os jogos diversas vezes ao longo de várias gerações. Isso torna a série uma parte importante da história e de como cerca de 1,8 bilhões de pessoas em todo o mundo passam pelo menos parte de seu tempo livre.
Baseado na esmagadora maioria dos Reviews positivos que Breath of the Wild recebeu até agora, a franquia esta pronta para mais uma vez mudar a forma como os jogos funcionam. A Polygon deu ao jogo uma nota 10 de 10. A IGN também o fez, dizendo ainda “uma aula avançada no design de jogos de mundo aberto e um divisor de águas que reinventa uma franquia de 30 anos.” GameSpot e GiantBomb também deram uma avaliação perfeita, e o Kotaku descreveu o jogo como “uma perfeição em se tratando de mundo aberto”. Na sexta-feira de lançamento, o jogo era o quarto mais bem avaliado de todos os tempos de acordo com o Metacritic.
Para a Nintendo, isto é uma realização impressionante - e necessária já que Breath of the Wild é o grande jogo que a empresa apostou as fichas para alavancar o sucesso inicial e as vendas de seu novo console, o Nintendo Switch. E vamos ser realistas: A Nintendo precisa urgentemente lucrar. Após a pouca vendagem do Wii U e a luta do 3DS para se tornar um sucesso como seu predecessor, o DS, a Nintendo tem muita esperança no sucesso do Switch — e de Breath of the Wild. O jogo é importante não apenas para os fãs da franquia Zelda, mas para a saúde de uma das empresas mais conhecidas do mundo dos jogos eletrônicos.
Para entender porque, é importante primeiro entender o que é Zelda. Enquanto a base do jogo sôa clichê - é basicamente sobre um herói salvando uma princesa - a serie é muito mais complexa do que se possa imaginar.
The Legend of Zelda é atualmente a história de um garoto chamado Link
A premissa de Zelda é uma que já ouvimos antes: Uma princesa esta em apuros. Alguém muito mal a capturou. E o jovem herói — um espadachim — é enviado para salva-la.
Esta é a ideia básica da trama na maioria(mas não todos) dos jogos Zelda: Link, um plebeu, é repentinamente enfiado em uma missão misteriosa e mágica no reino de Hyrule para salvar a princesa, Zelda, de um ou outro vilão. Cada jogo de Zelda segue uma linha semelhante: Link tipicamente obtêm uma espada sagrada, talvez colete peças da Triforce (algo que concede desejos ao portador), e obtêm outros artefatos poderosos para se tornar poderoso o suficiente para derrotar o mal e salvar o dia.
Esta trama reflete a "lenda" mencionada no título da série — uma mitologia na qual um herói renasce de tempos em tempos, erguendo-se para vender o mal que também renasce de tempos em tempos, com a ajuda da poderosa Princesa Zelda e da Triforce.
Entretanto, alguns dos jogos da franquia são concebidos de uma forma diferente. Em Majora’s Mask, por exemplo, não se envolve a personagem Zelda; ao invés disso, Link viaja para um outro mundo que esta prestes a ser destruído por uma estranha criatura mascarada e uma lua não muito amigável. Similar também, o jogo Link’s Awakening não acontece em Hyrule e nem inclui Zelda ou a Triforce.
O que normalmente liga os jogos é um linha de tempo bastante confusa. Isso não é muito importante para a jogabilidade atualmente, mas é interessante para os superfãs:
The Legend of Zelda: A História de Hyrule via Zelda Wiki |
Mas é a jogabilidade, e não a história, que é o maior ponto de venda de Zelda.
Zelda tem revolucionado o mundo dos jogos de tempos em tempos
The Legend of Zelda definiu o futuro dos jogos diversas vezes nos seus 30 anos de história.
Tudo começou com o jogo original em 1986, intitulado simplesmente de The Legend of Zelda. Este foi um dos maiores jogos para o sistema da Nintendo ( o NES), vendendo milhões de cópias. E a Nintendo logo soube que ela tinha algo de muito especial em suas mãos, passando a oferecer o jogo em um cartucho especial dourado diferentemente dos outros jogos da Nintendo que eram vendidos na época.
Enquanto jogos anteriores tentavam misturar gêneros de ação/aventura e Role Playing Games(RPG), o Zelda original foi o primeiro jogo a realmente fazer isso. Considerando que franquias de RPG inovadoras como Final Fantasy e jogos de ação/aventura como Tomb Raider não existiam ainda; com Zelda, a Nintendo simplesmente foi a pioneira e combinou os elementos que iriam tornar esses outros jogos tão bons no futuro — um mundo aberto, masmorras, quebra-cabeças, a sensação de “criar um personagem” — tudo em um único pacote.
O mundo aberto é o que realmente fez o Zelda original se destacar dos outros. Em um tempo em que as limitações tecnológicas forçavam os jogos a se manter simples, este foi um jogo que conseguia ter um grande mundo aberto, permitindo aos jogadores ir aonde queriam livremente. Você podia até mesmo jogar os níveis principais, chamados calabouços (ou dungeons), em qualquer ordem que você queria — o que foi algo inovador na era dos jogos mais antigos, num mundo em que os jogos eram organizados de uma forma muito mais linear. (Este conceito expansivo foi tão novo que Zelda foi o primeiro jogo a incluir uma bateria interna no cartucho para reter arquivos de save para sessões futuras de jogatina, enquanto os jogos anteriores eram feitos para serem jogados e zerados em uma única sessão de jogo).
Considerando alguns dos outros grandes sucessos da época, como Super Mario Bros. Este é um jogo fenomenal, mas é relativamente simples: em Super Mario Bros., os jogadores têm um par de ações importantes disponíveis sendo estes: correr e pular. Com essas ferramentas, eles apenas seguem a tela indo da esquerda para a direita superando os obstáculos, literalmente seguindo uma linha reta do ponto A ao ponto B. Zelda, diferentemente, nem sequer tem uma linha, permitindo a você viajar ao redor do mundo como quiser e completar os objetivos do jogo em uma ordem totalmente diferente dos outros jogadores.
Este nível de liberdade, junto com o bem-sucedido estilo de ação/aventura, mostrou ao mundo o que os jogos poderiam se tornar no futuro. Hoje existe muitos jogos de “mundo aberto”, de Grand Theft Auto V a The Elder Scrolls V: Skyrim a Metal Gear Solid V, que essencialmente permitem ao jogador decidir como ele ou ela irá explorar e superar os desafios do jogo. The Legend of Zelda essencialmente mostrou ao mundo esses conceitos ao permitir que os jogadores não apenas enfrentassem os quebra-cabeças de maneiras diferentes mas decidindo quais os níveis que iriam enfrentar em primeiro lugar.
O jogo de Zelda original alcançou isso com tanto sucesso que, ao contrário dos outros jogos da época, ele ainda é divertido para jogar, mesmo após tantos anos. Como o jornalista de games Jeff Gerstmann escreveu para a GameSpot em 2006, “Diferente de alguns destes outros jogos de NES que são re-relançados desde os anos de 1980 e 90, este jogo ainda se mantem suficientemente bom para ser jogado hoje.”
Com exceção de Zelda II (um estranho jogo de aventura 2D no formato side-scrolling), os próximos lançamentos da franquia Zelda foram criados usando essa formula, embora eles também tenham aplicado em muitos uma formula mais linear para favorecer a adoção de uma estilo de ação mais complicada e elementos de quebra-cabeça mais ousados. E mesmo que o movimento inclinado a adoção de um estilo de jogo mais linear significou menos mundo aberto e liberdade para a exploração, o jogo de 1991 A Link to the Past para o Super Nintendo e amplamente visto como um dos melhores e mais influentes jogos de todos os tempos.
Mas quanto o Nintendo 64 surgiu, a Nintendo se deparou com um novo desafio: trazer Zelda para um ambiente 3D. Isto é algo normal para ser feito nos dias de hoje, mas levantou grandes dúvidas, incertezas e perguntas dos desenvolvedores na época. Como os desenvolvedores poderiam fazer a transição de conceitos que funcionavam bem em duas dimensões para três dimensões? Será que o Nintendo 64 tinha a tecnologia necessária para criar um jogo de mundo aberto, ação/aventura em 3D funcionar? Como a câmera funcionaria?
É difícil relatar o quão difícil a transição de 2D para 3D foi na época. Mas isso era difícil o suficiente para que várias franquias amadas da era 2D, como Sonic the Hedgehog e Bugsby, nunca conseguissem fazer a transição com sucesso.
Então veio, em 1998, The Legend of Zelda: Ocarina of Time para o Nintendo 64. O jogo no geral continuou a formula vista nos jogos de Zelda no passado, particularmente A Link to the Past. Mas por ser o primeiro jogo a misturar ação/aventura com elementos de RPG em um ambiente 3D, abalou o mundo dos games. Ele mostrou que os conceitos 2D realmente podem funcionar em um espaço 3D mantendo-se fiel aos conhecidos elementos da franquia de luta com espada, resolução de quebra-cabeças, e elementos de calabouços(dungeons). Ele também ofereceu a industria várias lições técnicas — particularmente no seu controle de câmera — para outros jogos 3D da época. E esta foi a Nintendo lançando sua amada série em uma nova geração de jogos.
Ocarina of Time teve um sucesso tamanho que é considerado não apenas um dos melhores jogos de Zelda mas um dos melhores jogos já criados. Até hoje, continua a ser o melhor jogo de todos os tempos, de acordo com o Metacritic.
O jornalista de Games Peer Schneider definiu bem isso na avaliação original da IGN em 1998: “A nova referência para o entretenimento interativo chegou.” E Dan Houser da Rockstar Gaming, que criou a incrivelmente popular série Grand Theft Auto, disse ao the New York Times em 2012, “Qualquer um que cria jogos em 3D e disser que não pegou nada emprestado de Mario ou Zelda está mentindo — dos jogos de Nintendo 64, não necessariamente os de hoje.”
Como sugerem os comentários de Houser, os últimos lançamentos da Nintendo com Zelda não foram tão bem sucedidos em impulsionar a indústria como sempre fez. Mas Breath of the Wild pode mudar isso.
Breath of the Wild adota convenções de jogos modernas enquanto volta às raízes de Zelda
Em alguns aspectos, Breath of the Wild está simplesmente tentando trazer o original Legend of Zelda para um espaço 3D.
Onde provavelmente os jogos 3D de Zelda desandaram desde Ocarina of Time foi na sua linearidade. Enquanto o jogo original de Zelda permite que você jogue os dungeons em qualquer ordem, os jogos de Zelda em 3D, com algumas menores exceções, guiam você através das Dungeons em um determinado caminho. Isto marcou uma estranha evolução na franquia, visto que o jogo original de Zelda era famoso em parte justo por não ser linear. Mas esta é uma formula que a Nintendo tem mantido em grande parte dos jogos 3D de Zelda — por todo esse tempo até 2011 com Skyward Sword para o Wii.
Ao longo dos últimos anos, entretanto, os jogos de mundo aberto que não são lineares tornaram-se enormes. Estes jogos geralmente dão a você uma variedade de ferramentas e um gigantesco ambiente para usá-las, e então você decide qual e como resolver os quebra-cabeças existentes no jogo.
Assim, a exemplo, Metal Gear Solid V, você recebe uma variedade de armas e um vasto campo de jogo. Você então decide o que fazer: Você vai seguir a historia principal do jogo, ou você vai resolver alguns objetivos paralelos que podem lhe dar dinheiro, mais armas e ferramentas? Uma vez que você aceite uma missão, você deseja ser furtivo com os inimigos em seu caminho, talvez sem matar qualquer um dos inimigos que apareçam? Você que chamar um ataque aéreo ou usar uma bazuca, escolhendo uma abordagem direta em que você brutalmente explode seus oponentes? Você quer uma mistura dessas táticas, talvez usando a força somente quando você for pego? É realmente uma caixinha de possibilidades.
Isto, em teoria, é a direção que os jogos de Zelda em 3D poderia ter seguido, baseado no fundamento estabelecido no jogo original. Mas uma vez que eles não o fizeram, Breath of the Wild finalmente chegou para cumprir essa promessa.
O jornalista de Games Arthur Gies, escrevendo a revisão para o site Polygon, explicou:
Como Gies e outros críticos observaram, o jogo ainda tem as mesmas coisas que os fãs de Zelda amam: as masmorras, quebra-cabeças, itens, personagens e assim por diante. Mas Breath of the Wild volta ao mundo aberto original de Zelda, dando aos jogadores a capacidade de decidir em que ordem eles jogam as masmorras e como essas masmorras são abordadas. Na verdade, é teoricamente possível iniciar Breath of the Wild e dentro de poucos minutos ir para a última dungeon, onde o vilão do game reside, e zerar o jogo. (Seria incrivelmente difícil de fazer, uma vez que você iria para este calabouço final sem qualquer dos power-ups que você ganha em sua aventura típica. Mas se você é habilidoso o suficiente, é possível.)
Funciona: Gies conclui que Breath of the Wild "se estabelece como o primeiro Zelda de vitalidade atual em quase 20 anos".
O novo jogo de Zelda é agora o maior motivo de vendas do Switch, isso significa muito para o futuro da Nintendo
Os incríveis reviews recebidos por Breath of the Wild provavelmente deixaram os executivos da Nintendo muito animados, ainda mais porque Breath of the Wild é um dos poucos games que os fãs podem usufruir no novo console da Nintendo, o Nintendo Switch.
A principio o grande problema do Switch é que: Há poucos jogos de peso — pouco mais de uma duzia, e muitos deles são remakes de jogos antigos — para ser jogado já no lançamento. Isso faz com que Breath of the Wild seja crucial para o sucesso inicial do sistema, uma vez que este é o único grande jogo da Nintendo disponível para inicialmente para os jogadores.
E vamos deixar claro: A Nintendo precisa que o Switch seja um grande sucesso. Enquanto a empresa é lembrada com carinho por muitos como uma pioneira no ambiente dos videogames, ela tem lutado arduamente nos últimos anos para se manter forte e continuar a sua filosofia sempre inovadora.
O console mais recente da Nintendo, o Wii U, foi um total fracasso em se tratando de vendagem: ele foi o sistema da Nintendo que menos vendeu em todos os tempos — particularmente desapontada após o estrondoso sucesso financeiro e de vendas do Wii, que foi o console da Nintendo que mais vendeu. Além disso, o sistema portátil 3DS, da mesma forma, tem lutado contra a concorrência dos jogos em smartphones para vender quase tanto quado o seu antecessor, o DS.
O Switch tenta atrair todos os fãs da Nintendo reunindo os mercados de console caseiro e portátil. O sistema é o único que pode ser ligado — através de uma Dock — a uma televisão para ser jogado. Mas ele também pode ser removido da Dock e ser jogado como um console portátil.
Confira abaixo a aparência do sistema:
A Nintendo precisa deste sistema para ter sucesso. Considere as ações da empresa: Embora tenha crescido explosivamente entre os anos de 2007 e 2008 devido ao sucesso do Wii e do DS, ela regrediu e se manteve estagnada após isso devido a falha do Wii U em alcançar o seu publico alvo e o desapontamento do 3DS em alcançar o sucesso do DS.
O Switch é a nova chance da Nintendo para compensar essas falhas. E se Breath of the Wild estivesse recebendo terríveis reviews, seria mais provável o Switch falhar. E isso é algo muito sério: se o novo console não tiver sucesso, haverão grandes dúvidas sobre o futuro da Nintendo. Existem teorias sobre isso, por exemplo, argumentando que o Switch poderá ser o último console da Nintendo se o Switch falhar. E é difícil discernir exatamente o que a empresa faria na industria dos games se deixasse o modelo de negócio atual.
O fracasso da Nintendo seria uma enorme decepção para os jogadores. Obviamente, isso afetaria os milhões de fãs da Nintendo. Mas, de forma mais ampla, como mostra a história de Zelda, afetaria toda a industria dos games como um todo visto que esta é uma empresa que freqüentemente mudou o cenário dos jogos para melhor.
Sendo assim, há muita coisa em jogo em The Legend of Zelda: Breath of the Wild — não apenas para o Switch e a Nintendo, mas para a indústria e os jogadores de um modo geral.
Tradução Livre: Wanderlei Santana - Entrar em Contato
Fonte: http://www.vox.com/culture/2017/3/3/14787382/zelda-breath-of-the-wild-reviews
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